Quem foi o primeiro fotógrafo e publicitário da Colônia Blumenau e Vale do Itajaí 3x736q
Capa: Carl Bernhard Scheidemantel foi o primeiro fotógrafo e também, publicitário da Colônia Blumenau e do Vale do Itajaí. Colônia Blumenau fundada em 2 de setembro de 1850, no Vale do Itajaí – a qual ocupava aproximadamente o território deste vale. Além de jornalista e outras atividades que detectamos na sua jornada entre 1859 quando chegou na Colônia Blumenau, até 1908, quando faleceu.
Carl Bernhard Scheidemantel nasceu em 3 de dezembro de 1834, na cidade de Braunsdorf, Dorf próximo a Merseburg, Sachsen-Anhalt, no território da atual Alemanha. Atualmente, a cidade se chama Braunsbedra, devido à fusão entre Braunsdorf e Bedra, em 1945.
Seus pais foram Gottfried Scheidemantel e Johanna Rosine (solteira – Dost). Chegou à Colônia Blumenau em 1859, na companhia dos pais e do irmão Ernst Scheidemantel, com 24 anos de idade.
Como todos que chegavam à colônia e portanto, eram colonos, expressão pejorativa na região, por muito tempo, visto necessitarem trabalhar na colônia e na lavoura para obter alimentos. Tudo era muito novo e recente e precisava ser construído.
Em 1859, a Colônia Blumenau tinha somente 9 anos de fundação. Em 1860, o fotógrafo e publicitário criou o seu próprio portfólio, com o montante de seu acervo de rótulos e desenhos desenvolvidos para as primeiras casas comerciais e industriais da Colônia Blumenau. Havia estudado Tipografia e Desenho em Leipzig, território da atual Alemanha.
Em 16 de fevereiro de 1862, Scheidemantel se casou com Agnes Müller – casamento oficiado pelo Pastor Rudolph Oswald Hesse na igreja luterana do centro. Ela era filha dos imigrantes alemães Jacob Heinrich Gottlieb Müller (1804–1861) e de Anna Catharina Lucas (1811–1898), casados em Nossa Senhora do Desterro, em 1829.
Em torno de 1864, Scheidemantel começou a atuar como fotógrafo. Mas, foi somente em 1870, que ou a se dedicar exclusivamente à fotografia e à litografia, oficialmente como fonte exclusiva de renda. Também não parou de desenhar e a prática da tipografia.
Bernhard Scheidemantel fez registros incríveis de pontos – hoje históricos, da Colônia Blumenau. Sentíamos que tinha o mesmo propósito, que nos leva a fotografar e também a outros, no tempo atual.
Uma amostra de fotografias historicamente valiosas, de sua autoria:
Também em 1883, Carl Bernhard Scheidemantel, sendo o primeiro fotógrafo da colônia e de todo o Vale do Itajaí, igualmente foi pioneiro da propaganda e publicidade, quando fundou o segundo jornal do Vale do Itajaí, Der Immigrant. Os maiores colaboradores eram o seu grande amigo e advogado Paul Schwarzer, que residiu na residência de Hermann Wendeburg e foi avô de Renate Luise Rohkohl e Karl Wilhelm Friedenreich. Durante 9 anos, foi editor do jornal. Em abril de 1891, devido a disputas políticas, encerrou as atividades do jornal. Na época do ocorrido ele publicou:
“Para lhe poupar a vergonha, dissolvo eu mesmo sua luz vital, apesar dos pesados sacrifícios pessoais e financeiros que tive para dissolvê-lo. Quem tiver vontade poderá reacordá-lo”.
Em 4 de abril de 1883, Carl Bernhard Scheidemantel publicou uma propaganda de seu ateliê fotográfico no Der Immigrant. Em 15 de março de 1891, anunciou seu trabalho como fotógrafo e gravurista em seu jornal Der Immigrant. Anunciou seus serviços em fotografia, como:
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- impressão de livros e litografia;
- fotos de paisagens;
- fotos de grupos;
- retratos;
- ampliações até a metade do tamanho natural;
- reproduções de desenhos;
- gravuras em metal;
- pinturas;
- ilustrações;
- planos;
- mapas;
- desenho à mão;
- diplomas;
- miniaturas de objetos;
- desenhos trazidos ao ateliê em fotos e gravura.
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Além de todas essas atividades, também anunciava a preparação de impressos de obras, relatórios, estatutos para sociedades, catálogos, cartazes, livros escolares, revistas, formulários de todo tipo, letras de câmbio, papel de carta, faturas, notas (em Português!), recibos, memorandos, listas de preços, livros de contabilidade, convites, cartões de visita, noivado e endereço, ilustrados ou não, rótulos para cervejas, para vinhos, para cigarros, e para embalagens de manteiga em todas as formas e apresentações – impressos em bronze e em cores.
Geislon Tiago Rodrigues publicou o livro “Bernard Scheidemantel – A obra de um propagandista alemão na Colônia Blumenau” no primeiro semestre de 2018, do qual retiramos alguns dos trabalhos desse pioneiro.
Em 1885, foi listado como fotógrafo da província de Santa Catarina (Almanak istrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1885).
Carl Bernhard Scheidemantel faleceu com 74 anos, em 18 de outubro de 1908 e seu filho Franz Scheidemantel, continuou seu trabalho de fotógrafo, comprovado na fotografia da inauguração do primeiro trecho da EFSC em 1909, um ano após a sua morte, e muitos atribuem a autoria da foto a Carl Bernhard.
Encontramos um túmulo no cemitério da Rua Bahia – Blumenau, com seu nome, no entanto, as datas não conferem- pesquisamos sobre. Emprestou seu nome a uma rua de Blumenau.
Seu atestado de óbito possui s de outras personalidades da história de Blumenau: Rudolf Damm e August Zittlow.
Brasiliana Fotográfica selecionou dois grupos de imagens da cidade de Blumenau de autoria do fotógrafo: o primeiro pertence à Coleção Thereza Christina Maria, da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), e o segundo, é o Álbum de Blumenau, editado por Eugen Currlin, proprietário de uma livraria, tipografia e comércio de importações, no início do século XX. Este álbum, com 14 fotos de autor ainda desconhecido, foi adquirido pelo Instituto Moreira Salles (IMS), em fevereiro de 2002. Os registros dos dois conjuntos são das últimas décadas do século XIX e da primeira década do século XX. São fotos de aspectos da cidade, de suas ruas, de igrejas – a Igreja Evangélica aparece nos dois conjuntos: escolas, hospital, vegetação, porto, casas, ponte, estação de trem – que não do pai Scheidemantel – como se supõe, e hotel. As duas instituições – IMS e FBN – são fundadoras do portal do qual retiramos as imagens – Brasiliana Fotográfica.
Mais fotografias de Carl Bernhard Scheidemantel 265a3z
Escola Masculina – Uma edificação enxaimel. Segue uma tipologia muito diferente de todas aquelas construídas na região. Ousaríamos dizer que foi um experimento a partir da técnica conhecida, sem muito observar a técnica centenária e algumas questões que são respeitadas pelo carpinteiro. Destacamos o grande espaço criado na mansarda-sótão, descaracterizada, se comparada com a casa comum do imigrante ou mesmo com outras construções comerciais de maior porte. Apresenta as janelas tipo guilhotina, caracterizando a edificação pública. Na fotografia a presença das meninas, onde muitos carregam uma “sombrinha”, que faz a proteção do sol. Na janela, igualmente há uma pessoa segurando uma criança.
Escola Feminina – Observar que o fundador da Colônia Blumenau fazia questão de usar – falar e escrever o português e não o alemão, falado por quase todos da colônia. Este fato é notório nas correspondências oficiais e também, nos nomes de localidades que batizava.
Sobre a escola: parte das instalações construídas com a técnica construtiva enxaimel, janelas tipo guilhotina, uma das características de edificações de órgãos públicos, como se usava nas cidades “brasileiras” – Itajaí, São Francisco do Sul e Nossa Senhora do Desterro. A construção da esquerda construída em madeira, com volumetria da casa do imigrante. A fotografia retrata um grupo de meninas em atividades externas, observadas por um pessoa da janela da edificação enxaimel.
Pioneirismo na Colônia Blumenau e… em Santa Catarina! 6et2n
Um registro para a História. 5d1u6t
Sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
Contatos:
@angewittmann (Instagram)
@AngelWittmann (X)
Referências u4p19
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- BRASILIANA FOTOGRÁFICA. Cronologia de Bernardo Scheidemantel (1834 – 1908). Disponível em: https://brasilianafotografica.bn.gov.br/?p=20961. o em: 20/05/2025 – 6:45h.
- CENTENÁRIO DE BLUMENAU: 1850 – 2 de setembro de 1950. Blumenau: Comissão de festejos. 1950. p.417.
- DEEKE, José. O município de Blumenau e a história de seu desenvolvimento. Blumenau: Nova Letra, 1995.
- GERLACH, Gilberto Schmidt. Colônia Blumenau no Sul do Brasil / Gilberto Schmidt-Gerlach, Bruno Kilian Kadletz, Marcondes Marchetti, pesquisa; Gilberto Schmidt-Gerlach, organização; tradução Pedro Jungmann. – São José: Clube de Cinema Nossa Senhora do Desterro, 2019. 2 t. (400 p.): il., retrs.
- Memória Digital. Fonte: Fundação Cultural de Blumenau / Arquivo Histórico José Ferreira da Silva / Rodrigres, Geislon Tiago, Bernardo Scheidemantel: a obra de um propagandista alemão na colônia de Blumenau /Geison Tiago Rodrigues – 1. Ed. – Blumenau: 3 de maio, 2018) Disponível em: https://www.blumenau.sc.gov.br/secretarias/fundacao-cultural/fcblu/memaoria-digital-carl-bernard-scheidemantel52 o em: 18 de setembro de 2020.
- Pioneiros da Colônia Blumenau – Famílias Evangélicas de confissão Lutherana da colônia Blumenau. Período: 1856 – 1940. Prefeitura Municipal de Blumenau – Fundação Cultural de Blumenau. Arquivo Histórico Professor José Ferreira da Silva. Tradução e transcrição: Curt Hoeltgebaum. Catalogação e formatação: Rita de Cássia Barcellos. Disponível em: http://pergamum.blumenau.sc.gov.br:8084/pergamumweb/vinculos/000000/0000004e.pdf. o em: 20/05/2025 – 6:12h.
- RODRIGUES, Geislon Tiago. Bernard Scheidemantel: a obra de um propagandista alemão na colônia de Blumenau. 1.ed. – Blumenau: 3 de maio, 2018. – 84 p. : il.
- WETTSTEIN,Brasilien und die Deutsch-brasilieniche Kolonie Blumenau. Leipzig, Verlag von Friedrich Engelmann, 1907.
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